domingo, 6 de setembro de 2009

João da Silva, o maroto carioca.


Observação: Esse texto foi produzido depois de tanto escutar o nosso querido Cartola. Desde que vi essa foto, quis escrever algo para a mesma. Como não soube descrever o que sentia ao vê-la, comecei a deduzir o que poderia sair da minha imaginação a partir dela. Espero que gostem desse pequeno retrato que fiz sobre algo que conquistou a muitos (muitas também, vale ressaltar): a malandragem. Segue um dos frutos da árvore da minha imaginação:

Repórter: Meu nome é Joana, sou repórter da TV Brasil e estou aqui com o João da Silva, mais conhecido como o velho malandro do Rio de Janeiro. Estamos aqui para mostrar para vocês que a malandragem não tem fim... Pelo menos na vida desse senhor. Conta aí para a gente, como foi a sua vida de marotagem?

João da Silva: A minha vida de malandro não começou cedo. Pelo menos na minha época, 18 anos não era ser tão novo. Meu apelido era "moreno delícia". Um metro e oitenta, sorriso maroto e malemolência que só o malandro carioca tem. Todas me conheciam... Todos também, eu não era fácil. Podia brincar com Deus, mas comigo não! Nunca fui de perder briga... Nem mulher... Isso aí é comigo mesmo. Era de lei: sexta, cerveja, violão, minha camisa listrada e o meu chapéu branco. Conheço a Lapa do começo ao fim, já cansei de dormir entre os becos, entre as pernas... Ô tempo bom, sabia? Conheci Maria da Luz, minha mulher, numas casas de sambas que tinham em Jacarepaguá. Que mulher magnífica, colega! Se tem uma coisa que eu amava nessa mulher é que toda vez que eu chegava do bar do João, sempre encontrava o meu prato de feijão pronto, o cinzeiro na janela, o violão à minha espera e aquele cheiro de cozinha que ela tinha (Ganhou esse perfume quando casou comigo, compreende?). Mesmo casado, minha vida de malandro não acabou. Pulei a cerca algumas vezes, mas o meu amor mesmo era e ainda é Luzinha (ou Maria da Luz, como os outros a chamavam)... Só eu sei o quanto a amo... Agora olhe só pra mim: barrigudo e velho. Não batuco mais na caixa de fósforo, não esgoto minha energia com as morenas, não tenho o sorriso de malandro que tinha antes... Agora vivo de uma aposentadoria mesquinha e do jogo do bicho. Qual é?! Tá pensando que vida de malandro acaba por causa de uma barriguinha de tantos porres? Não, não e não. Hoje estou sem Luzinha, ela resolveu encontrar com Deus. E eu acabei me encontrando por aqui também... Estou e sempre estarei casado com a malandragem. Essa sim, eu só largo quando estiver debaixo da terra (Risos e uma pequena pausa para o comercial).

7 comentários:

lucas disse...

o tipo de reportagem (que ficaria linda filmada) que quando estão passando os comerciais, você solta um risinho no canto da boca e fica feliz por dentro. essa coisa que a malandragem faz com a gente não tem mesmo como explicar.

Bruno disse...

Muito boa a caracterização do malandro.E o seu texto é bem gostoso de ler.
As pausas típicas da fala estão bem caracterizadas, graças às reticências, interrogações, frases curtas ou longas etc.

Beijo, broto!;)

Le Chanceux disse...

Sentei na beirada da varanda, apoiei a viola com gosto, acendi o cigarro e vi a mulata passar. Nessa hora eu percebi que vinha um samba mais quente que a pinga que descia na minha garganta.

Carol Prado disse...

só na marotagem, ein nego!

Suellen Brito disse...

que o samba, samba o corpo aos ventos!

lindo morena

OAIANA disse...

doreei, amigan!

Maria Midlej disse...

Me lembrou Rita Apoena... e por isso, gostei :) Muito!
Ah, e quanto ao comentário lá no blog, espero que essas lembranças de 2007 que meu blog lhe fez ter, sejam boas. :)

Umbeijo :)