sábado, 26 de setembro de 2009

Quando escurece, a gente enlouquece.

Ele: Sabe, eu adoro viajar!
Ela: Eu não costumo viajar. Me falta dinheiro, fôlego...
Ele: Não preciso de dinheiro para viajar...
Ela: ...
Ele: Quando eu leio, eu viajo!
Ela: ...
Ele: Quando eu sonho, eu viajo.
Ela: ... (Tira a mecha que cai sobre o rosto)
Ele: Quando eu converso, eu viajo.
Ela: ... (Acende um cigarro e o observa)
Ele: ...
Ela: São que horas?
Ele: Acho que 23:48...
Ela: Hm...
Ele: ...
Ela: Noite, né?
Ele: É, noite...
Ela: Você viaja em mais o quê?
Ele: Beijo.
Ela: Viaje em mim?
Ele: Quando eu te olho, eu viajo.
Ela: E quando beija?
Ele: Eu te beijei?
Ela: Não.
Ele: Quer viajar?
Ela: Sim.
Ele: Quer voar?
Ela: Sim.
Ele: Melhor, quer viajar-flutuar?
Ela: Já disse que quero (Apaga o cigarro e deixa o cinzeiro na mesa).
Ele: Então te beijo.
Ela: Me beija.

Olhos fechados, pés fora do chão, mãos apertadas, coração quase saindo na boca e uma viagem em direção ao amor. Cama, desejo, gozo e amor. Amor, amor e amor.


Com amor, para meu amigo Vitor.
(http://www.ouromina.blogspot.com)

Antes que pensem errado, é amigo mesmo. O fato de estar unida por uma amizade de pura poesia, me faz sentir vontade de escrever. Ele é um dos meus incentivadores, eu fiz esse texto imaginando a reação dele. E de fato, ele merece ter esse texto dedicado para ele.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

C'est la vie, mon'amour.

Na foto: minha prima Lara, ontem na praia

- Mamãe, leva pra lá? - apontou para o mar.
- Levo, minha bebê.
- Mamãe, isso dodói?
- Isso? Água?
- Aham.
- Não, filha. Só se você for para lá - apontou para o fundo do mar.
- Ahh...
- Mãe, chão.

Ao coloca-la no chão, Ester quis aproveitar as pequenas ondas para pular sobre elas. Entre um pulo e outro, uma pequena queda. O mais interessante, não foi o fato dela ter levantado sem chorar, foi o questionamento sobre algo que eu nunca ouvi uma criança perguntar.

- Mãe, porque cai?
- Porque você se desequilibrou, filha.
- Quando a gente cai, a gente levanta (pequeno riso).
- Sim, filha!
- Porque, mamãe?
- Um dia você vai entender...
- Mas a gente sempre cai e levanta, né, mamãe?
- C'est la vie, mon'amour. C'est la vie...

Ester voltou a brincar com as ondinhas e eu fiquei pensando... A vida é cheia de altos e baixos. Melhor que sempre que tem um "baixo", a gente se acaba, mas levanta. C'est la vie, c'est la vie...

Obs: "C'est la vie" = "É a vida!"
Obs 2: Nada disso citado no texto aconteceu. Esse foi mais um fruto da minha querida imaginação (que tem ficado cada vez mais fértil).
Obs 3: Não estou conseguindo comentar em alguns blogs - antes que alguém pense que não dou valor aos textos dos outros.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Demasiada carta de amor.


"Mas só quero que saiba, meu bem, te levo sempre comigo..."
(Descansar - Canto dos Malditos na Terra do Nunca)

Tem coisas que são que nem tatuagem. Você é uma delas. O meu maior sonho é poder voar - eu não tenho asas... Mas quando lembro que tenho você, me sinto nas nuvens. Me sinto, te sinto, sinto. Me provoca arrepios, me faz pensar, me enlouquesce, me faz feliz! Adoro poder falar todas essas coisas. Mesmo sabendo que não é recíproco. Se um dia achar essa carta, essa demasiada carta de amor, irá ler o que não consigo falar. Mostro o quanto vale amar. Enquanto amo, esqueço que tudo isso é utopia. Utopia essa que me faz imaginar que tenho você. Ah... como é bom ter você! Quando lembro que tenho você, eu entendo o que é amar. Por isso, me amo, te amo, amo.

Com muito amor (e utopia),
Maria dos Sonhos

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

O grande pulo.

Foto de Agosto/2008

Oi, meu nome era Guilherme, tinha 18 anos e uma história que já se passou na vida de vários jovens. Certa vez, estava no meu quarto, trancado, pensando na vida... Cheguei à conclusão de que eu deveria ser eu mesmo. Bem clichê, né? Digno de quem ainda não formou nenhuma opnião, mas que usa as que já foram formadas. Posso contar minha história? Então, eu sempre me senti diferente dos outros meninos da minha sala. Até que nesse dia, resolvi botar tudo pra fora. Botar o que nem eu sabia direito o que era. Um sentimento maluco, mas diferente dos que eu escutava dos outros do colégio. Até que um dia descobri. Como eu contaria para meus pais? E para meus amigos? E como eu ia lidar comigo mesmo depois desse dia? Foi aí que me tranquei no quarto, coloquei num papel uma frase e coloquei meu mp3 nas alturas. Essa música seria a música que definiria a minha descoberta. Sentei na janela e percebi que morar no 8º andar é quase chegar no céu. E tentei chegar no céu! Fiquei de pé na janela e dei um salto mortal. Mortal nos dois sentidos: no das voltas e no que me fez morrer. Pior de tudo: ninguém sabe até hoje o que eu sou. Descobri que sou homossexual. Ah! E o que estava escrito no papel? I will survive.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

O amor nos tempos modernos II

Se conheceram em Salvador, durante um ensaio para uma apresentação que aconteceria em breve. Só que na Europa! Você sabe o quanto deve ser bom cantar lá? Enfim, não é isso que eu quero falar. Estou aqui para contar a história de duas mulheres. Haia, moreníssima, dona de uma voz espetacular e muito amor para dividir com o mundo. Lua (Será mesmo esse o nome dela? Ainda não sei...), cabelos cor de mel, olhos da cor do céu quando a tarde está linda... Não tão linda como Lua, mas é bonita. E por que eu estou querendo descrevê-las? Se o que mais importa aqui é o que aconteceu... Sabe como é, artista com artista... Tudo doido, meu Deus! Durante a viagem, dentro do avião, era super possível perceber uma troca de olhares... Uma coisa bem "caliente". Mas vai saber se era mesmo? E eu, curiosa como sempre, fiquei só olhando... Vai que eu perceba algum lance bonito e tenha algum motivo para escrever depois (Como esse agora!)? No dia seguinte, não me perguntem como, mas consegui de alguma forma conversar com Haia. Não lembro como comecei, mas consegui. Aí ela não aguentou, me contou tudo. Contou da "viagem" que ocorreu dentro daquele quarto, naquele hotel em algum canto da Europa. Não é que as duas tiveram um caso? Mas daqueles beeeeem loucos, capaz de fazer qualquer um voar. Bem que me disseram uma vez: artistas são tudo doidos. Se envolvem entre eles de uma forma tão intensa que não se importam se o sexo é oposto ou não. O que importar é expandir qualquer forma de amar. Ah, o amor...

Obs: As histórias com Haia por aqui não acabaram, aguardem!

sábado, 12 de setembro de 2009

Saudosista ou muitos copos de cerveja?

Foto tirada no Rio de Janeiro, 2008

Eu estou aqui, nessa mesa, nesse bar e com a velha e companheira saudade. Por incrível que pareça, penso em você umas 500 vezes por dia. Se me olho no espelho, lembro da gente. Se grito, se bebo, se choro, se enlouqueço... Eu não sei se devo parar de beber ou se devo apagar tudo aquilo que me deixou: uma carta, um beijo na testa e muito saudosismo.

" Zé Ninguém, 25 anos, morre afogado dentro da sua banheira".
Rio de Janeiro, 17 de Janeiro, 1948

Obs: Não sei se perceberam, mas a vinheta usada na foto forma um coração. Esse movimento na foto lembra o que eu vejo quando bebo além do limite. Espero ser compreendida. Hasta la vista.

domingo, 6 de setembro de 2009

João da Silva, o maroto carioca.


Observação: Esse texto foi produzido depois de tanto escutar o nosso querido Cartola. Desde que vi essa foto, quis escrever algo para a mesma. Como não soube descrever o que sentia ao vê-la, comecei a deduzir o que poderia sair da minha imaginação a partir dela. Espero que gostem desse pequeno retrato que fiz sobre algo que conquistou a muitos (muitas também, vale ressaltar): a malandragem. Segue um dos frutos da árvore da minha imaginação:

Repórter: Meu nome é Joana, sou repórter da TV Brasil e estou aqui com o João da Silva, mais conhecido como o velho malandro do Rio de Janeiro. Estamos aqui para mostrar para vocês que a malandragem não tem fim... Pelo menos na vida desse senhor. Conta aí para a gente, como foi a sua vida de marotagem?

João da Silva: A minha vida de malandro não começou cedo. Pelo menos na minha época, 18 anos não era ser tão novo. Meu apelido era "moreno delícia". Um metro e oitenta, sorriso maroto e malemolência que só o malandro carioca tem. Todas me conheciam... Todos também, eu não era fácil. Podia brincar com Deus, mas comigo não! Nunca fui de perder briga... Nem mulher... Isso aí é comigo mesmo. Era de lei: sexta, cerveja, violão, minha camisa listrada e o meu chapéu branco. Conheço a Lapa do começo ao fim, já cansei de dormir entre os becos, entre as pernas... Ô tempo bom, sabia? Conheci Maria da Luz, minha mulher, numas casas de sambas que tinham em Jacarepaguá. Que mulher magnífica, colega! Se tem uma coisa que eu amava nessa mulher é que toda vez que eu chegava do bar do João, sempre encontrava o meu prato de feijão pronto, o cinzeiro na janela, o violão à minha espera e aquele cheiro de cozinha que ela tinha (Ganhou esse perfume quando casou comigo, compreende?). Mesmo casado, minha vida de malandro não acabou. Pulei a cerca algumas vezes, mas o meu amor mesmo era e ainda é Luzinha (ou Maria da Luz, como os outros a chamavam)... Só eu sei o quanto a amo... Agora olhe só pra mim: barrigudo e velho. Não batuco mais na caixa de fósforo, não esgoto minha energia com as morenas, não tenho o sorriso de malandro que tinha antes... Agora vivo de uma aposentadoria mesquinha e do jogo do bicho. Qual é?! Tá pensando que vida de malandro acaba por causa de uma barriguinha de tantos porres? Não, não e não. Hoje estou sem Luzinha, ela resolveu encontrar com Deus. E eu acabei me encontrando por aqui também... Estou e sempre estarei casado com a malandragem. Essa sim, eu só largo quando estiver debaixo da terra (Risos e uma pequena pausa para o comercial).

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

O amor nos tempos modernos.


Ainda bem que agora você está dormindo. Cabeça apoiada sobre o meu peito, vestida por um lençol branco, maquiada com marcas de um amor bem feito... Até agora não consigo recordar como foi que ganhei você. Acho que vou diminuir a dose de wisky... Mas está sendo lindo ver esse cena... E como está! Até a forma como seu corpo incha enquanto respira é bonito de se ver. Essa sua boca pintada com batom-vermelho-borrado-pelo-nosso-prazer, essa aparência de pecado, você! Ah, você está sendo maravilhosa pra mim... Hum... Mas como é seu nome mesmo? Eu não sei! Só sei que ainda quero te comer com os olhos, com a boca, com o sexo e com paixão. Quando essa fome passar, não se preocupe. Pago o seu táxi para ir para casa, querida mulher que conheci ontem na boate.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Ácido.


Você me corroi por dentro. Seu nome deveria ser Ácido. Este sim é o seu papel na minha vida. Agora mesmo, não sei o que doeu mais: ouvir Cliquot* no rádio e a voz de Marianne Faithfull ao mesmo tempo (Acredite, depois de muito tempo resolvi ligar a televisão... E para piorar, passava a canção As tears go by - Lembra que ela cortava meu coração em pedaços?) ou saber que você não voltaria mais para o que chamamos de nosso lar. Talvez seja melhor assim. Como é que dizem mesmo? Antes só do que mal acompanhado. Ou mal amado? Quem sabe?

-
Esse texto é fruto da leitura do livro "Os dragões não conhecem o paraíso", Caio Fernando Abreu.

* Da banda Beirut.