terça-feira, 24 de novembro de 2009

Rua Arlindo Amoroso, um pé de pimentas.

E era lá que moravam Beto, Bito e Buto. Três pimentinhas! Tinham mania de perturbar qualquer um. Não tinham pena nem do Presidente da República, que uma vez ou outra aparecia num quartel não tão distante da morada deles. E é uma dessas passagens do presidente que irei relatar para vocês. Afinal, foi um marco na vida daqueles três. Agora marque na mente de vocês a seguinte cena: uma piscina grande, uma ponte sobre ela, entrada do quartel após a ponte, uma mangueira com mangas maduras, sol, calor, o Presidente, os três meninos e os soldados marchando. Gravou isso? Então posso apertar o play.
Era corriqueiro ver aqueles três tomando banho na piscina que era proibida. Por ser proibida e por serem do jeito que eram, eles entravam. E como sempre eram expulsos. Corriam mais que o bicho mais rápido que existe nesse mundo.
Mas nesse dia... Ah! Esse dia! Chegaram cedinho lá. Na hora em que os soldados marchavam para exibir não-sei-o-que para o Presidente.

Beto: - Ê, é hoje! É hoje!
Bito: - MARCHA SOLDADO! CABEÇA DE PAPELÃO!

Os três se abaixavam, segurando a respiração para não serem "descobertos". De repende, ouviu um silêncio. Aqueles que dão arrepios! A marcha voltou. Foram para debaixo da ponte, precisavem respirar. Respiraram olhando para cima, fato que fez Buto observar as mangas prontas para serem aproveitadas.
Como falo de Beto, Bito e Buto, essas mangas serviriam para alguma peça. E dito e certo. Com ajuda de umas pedras, derrubaram umas cinco.

Bito: - MARCHA SOLDADO! CABEÇA DE PAPELÃO!

Buto jogou três mangas em um soldado. Se abaixaram e foram para debaixo da ponte. Voltaram.

Os três: - MARCHA SOLDADO! CABEÇA DE PAPELÃO!

Aí o Presidente se irritou e foi o primeiro a gritar:

- PEGUEM ELES! AGORA!

Uns quinze soldados correndo atrás das três criaturas. E risada pra lá, e grito para cá... Como alguns dizem: um verdadeiro bafafá! Como todo lugar que tem água, tem lugar que escorrega. E pior: cairam os três! Que nem as mangas que caiam quando o vento passava. E para o azar dos três, foram pegos. Seis soldados para pegar os três: era um para segurar pelas mãos e outro para segurar pelas pernas.Como eram três, foi preciso seis homens, como já disse.
E choravam, pediam pelo-amor-de-Deus, chamavam pela mãe, pelo pai, pelo tio, pela prima e os soldados não soltavam o prêmio. Levou os três para um quarto escuro.

- Onde você mora? - Perguntou um dos soldados.
- Na Rua Arlindo Amoroso, casa três... - Bito falou desesperadamente.

Não demorou vinte minutos para mãe dos três chegarem ao local. E foi a mesma que tomou a bronca pelos meninos... Sendo que eles fingiam brincar na rua de Carlinhos, que ficava a dois minutos da casa deles.

Soldado: - Da próxima, verá o que vai acontecer com vocês! Serão presos, entenderam? Presos!

Afirmaram com a cabeça e com lágrimas caindo sem parar. Passaram dias e eles ficaram quietos. A rua toda estranhou. Perguntaram se havia doença no meio, se resolveram mudar, se alguém fez algo neles e eles calados. Mas como eles adoravam perturbar e eram do jeito que eram, voltaram a bagunçar. Dessa vez na praia, afinal, ficaram com trauma de piscina e soldados marchando.

Para minha aluna Mariana.

Só para constar, não sei o que anda acontecendo comigo, mas meus textos não conseguem mais serem curtos. No mais, postei no Amanda O. Fotografou: http://enquantoissoeufotografo.blogspot.com/

Um abraço em todos.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Um passado distante presente nos meus pensamentos.

- Mil novecentos e setenta. Ano que não me esqueço por nada. Motivos? Eu era jovem, psicodélico, tropical, brasileiro, filho da puta e apaixonado por Janis Joplin. Meus pais sempre me disseram que eu tenho um mau gosto para tudo. Mau gosto para parceira, para comida, para cor... Até para profissão! Mau gosto! Vamos mudar de assunto, falar em minha família me lembra minha ex mulher, que me lembra meus filhos, que me lembra gastos... Eu tento não lembrar de problemas, mas é inevitável quando você é pobre, feio e gordo (É claro que eu não era assim nos anos 70, vale ressaltar). Por tocar no número setenta, vou continuar o que estava dizendo. Eu era fãnzaço de Janis. Discos, camisetas, poster, suposto chiclete que ela mastigou... Se duvidasse, ela estava comigo. Na verdade, na minha imaginação estava. Sabe como é jovem, meu caro? Tudo era motivo para festa com as mãos, se é que me entende. Ainda mais quando se pensava em Janis... Ah, Janis! 1-9-7-0! Agora sim falarei o que eu queria falar... Ano em que ela... Foi para o inferno. É lógico que ela não ia para o céu... Não adianta nem cogitar em pensar numa coisas dessas. Eu sofri, quase morri. E foi depois de um porre por causa da morte da amada que acabei conhecendo a minha Amada. Que virou esposa, que virou mãe dos meus filhos, que virou amante do meu melhor amigo, que não vejo mais. Ou seja, uma filha da puta. Minha vida sempre foi de perdas. Perdi meu filho na praia em 1983. Deve ter ido atrás de Iara... Outra filha da puta também. Desculpa falar assim com você assim, garçom. É que tomar 10 garrafas de cerveja sozinho me deixou assim. Nem sei por que estou aqui. Nem sei por que...
- Senhor, quer a conta?
- Não, deixa eu dormir.
- O senhor tem certeza?
- Sim.

Deitou na mesa, dormiu e nunca mais acordou. Acredito que foi se encontrar com Janis. O único e verdadeiro amor da vida frustrada que ele levava.
-

Texto inspirado na música Maybe, claro que é Janis.

Obs: Fui bem no vestibular!

sábado, 14 de novembro de 2009

Amanda O. Fotografou.

Resolvi mostrar outra visão minha, a visão fotográfica. Espero que gostem!

http://enquantoissoeufotografo.blogspot.com/

Obs: Continuarei desatinando por aqui!
Obs 2: Amanhã é a tal prova da Ufba.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Cigarros ao som de Bowie.


foto por Lina Magalhães

Você finge que não sabe, mas eu sou louca por você. Odeio quando me ignora, odeio o seu modo de sempre discordar, odeio você por completo. Agora me pergunte se me vejo sem estar ao seu lado? Se eu viajo no que você diz? Se eu adoro seus surtos, seu sexo, seu tudo? Quando penso nisso, te amo por completo. Triste ou feliz, quero você aqui comigo. Como você sempre está! Com sua triste viola, tocando Starman e fingindo que não me ouve enquanto repito isso todos os dias.

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Tenho tanta coisa para postar, porém tenho preguiça. Preguiça? Não, é agonia para o vestibular no domingo.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Sobre carne e batatas.

Tudo começou com o meu almoço. Prato do dia: carne e batatas. Pode parecer algo comum, mas não é. Eu quero falar é dele, meu caro leitor. Ele que voa, que escreve, que desenha, que pinta, que sonha, que é. Seu nome? Calma. Ele que me encanta, me tira risos contidos, me faz querer escrever mais, mais e mais... Quem é ele? Calma. Ele que faz com que você mude de mundo com a escrita, que põe cada palavra para fora como poesia. Ele? Calma. Agora eu o convido para uma parceria. Parceria em algo que ele me inspira. E-s-c-r-i-t-a.

Então, Lucas, me dá a mão e vamos voar para o paraíso das palavras?


Obra: Au Dessus De La Ville - Chagall

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

(A)Mar.

Uma das fotografias do meu portifólio.

Apesar de ser difícil, a minha profissão é uma das coisas que eu mais amo. Pesco a alegria dos meus filhos à cada peixe, pesco amores por ser pescador (ou pesco ilusões e entrego à outras?), pesco os filhos de Janaína*... Estar no mar da Bahia é a minha vida. Sou pescador, meu nome é Mario. Nasci e vou morrer no mar. No mar da Bahia, que me traz vida, amor, alegria e paz...

* Janaína = Yemanjá.

domingo, 1 de novembro de 2009

Corriqueiro.

Olhos de minha irmã. Achei que a foto combinaria com o texto...

Foi um dia sem sal. Faltou até aquele velho tempêro, o amor. Esse que os anos acabaram desgastando. Eu queria que tudo fosse como antes. Te juro, queria. Mas quando algo não é para ser, não é. Você falando desparadamente, eu querendo silêncio. Aumentei o som do carro para não te ouvir! Mas não temos mais a vontade de não brigar... Você começou a berrar e a sua voz me irritou muito em pouco tempo. A vontade que eu tinha era de abrir a porta do seu lado e te jogar para fora. Eu poderia ter falado isso pessoalmente... Mas cheguei ao ponto de não querer te ver mais. E antes que esse fim, vire tragédia "romântica", termino aqui a nossa história. Não foram 4 anos jogados no lixo, mas também não foram os 4 anos mais felizes de nossa vida. Só espero que me entenda (ou finja fazer o mesmo). Gosto muito de você, mas para mim não dá.

Até algum dia,

João.

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Infinitivamente pessoal: Faltam 15 dias para a prova do vestibular, desejo-me sorte.