- Ele está estranho, é sério! Anda com o celular nas mãos o tempo inteiro, dorme com ele embaixo do travesseiro, não me diz o que tem feito, nada, nada, nada!
- Fique tranquila, não deve ser algo sério.
- Não, não acho. Sinto que está me deixando de lado.
Passou uma semana e ele continou da mesma forma. E ela também, continuava desconfiada. Até que ela não aguentou mais e foi à casa dele sem avisa-lo. Ele, surpreso, abriu a porta com cara-de-que-não-era-para-você-estar-aqui-agora. Ela, indignada, entrou sem esperar ele sair da frente com cara-de-que-fale-logo-o-que-está-acontecendo. E mais uma vez, o celular dele em mãos. "Oh, céus!", gritou ela. "Não é possível! Que diabos você tanto faz com esse maldito telefone?". Ele disse que não poderia explicar antes de chegar o dia certo. Quando uma mulher se irrita, meu amigo, sai de baixo! E não foi o que ele fez. Simplesmente continuou a esconder o celular como quem esconde um tesouro. Foi aí que ela perdeu a razão, tirou uma arma da bolsa e atirou sem dó, nem piedade no lado esquerdo do peito dele. Pegou o celular e lá estava uma gravação pronta para ser ouvida. Não pensou duas vezes em ouvir e quando apertou o play o ouviu cantando "Eu amo você, menina" numa versão que ele havia alterado para "Eu amo você, Amélia" com direito a recadinho de parabenização pelos dois anos de noivado. Ela, depois desssa, obviamente se matou.