domingo, 6 de março de 2011

Domingo de carnaval.

E lá estavam eles, sentados, olhando nos olhos e o vento indicando o espaço vazio entre eles. Era domingo. Era carnaval. Era noite.

Era noite e como todas as noites, havia surpresa. Do outro lado da rua, era só alegria. Mas ali dentro, ali naquela mesa, não era felicidade. Não era nada. Era um fim... Um copo a menos, um copo a mais e lá vão eles nesse "vai-não-vai".

- Então, tá tudo bem com você, não está? Disse ela tentando preencher o oco.
- Tá, tá... Tá sim. Há algum motivo para não estar?
- Não.

Beberam mais um copo com pressa.

- O carnaval tá acabando... Disse ela mais uma vez, tentando descontrair.
- É, as coisas vão passando tão rápido. A gente nem percebe, mas quanto mais os dias vão passando, as coisas vão acabando... Engraçado.
- Não, isso não é engraçado.
- Dane-se. É modo de dizer.
- É estranho. Veja só, quem era a gente?
- É, quem era...

Mais outro copo, mais um desvio de olhar, mais um... um nada.

- Acho que já chegou a minha hora.
- Vai sair por aí sozinha? Olha quanta gente na rua. E se te acontecer algo?
- Saindo com você vou estar com alguém? Disse com um riso ácido no canto da boca.
- Acho que sim.
- Na teoria, meu bem, sim. Mas a gente se perdeu...
- É, nos perdemos...

Pegou a bolsa. Bebeu o último gole, deu o último beijo e escutou o que Noel cantava baixinho naquele bar.

"A nossa imensa felicidade
Foi uma nuvem que já passou
O teu amor que traz saudade
Foi estrela que brilhou
E
pra sempre se apagou"

Fechou os olhos, engoliu as palavras a seco e saiu por aí...

2 comentários:

Vitor Andrade disse...

E você volta pra onde você nunca saiu: a palavra!
Lindo de ver, ler, sentir, e viver!
Você é incrível.

Anônimo disse...

Amanda, passa o tempo e seus textos ainda me surpreendem!

Nossa! Esse tá do bom!
Tenho que voltar a frequentar essas bandas.